O acidente envolvendo um avião da VoePass em Vinhedo, interior de São Paulo, na sexta-feira, 9 de agosto de 2024, trouxe à tona questões importantes sobre a responsabilidade de companhias aéreas em acordos de codeshare. O trágico evento, que resultou na morte de 62 pessoas – 58 passageiros e 4 tripulantes – tem levado especialistas a ponderar sobre a responsabilidade da Latam, que vendeu as passagens do voo envolvido na tragédia. Neste artigo, vamos explorar os detalhes desse caso e o que ele significa para passageiros e companhias aéreas.
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O Caso do Acidente
O voo 2283, operado pela VoePass, estava a caminho de Guarulhos (SP) vindo de Cascavel (PR) quando caiu em Vinhedo. A aeronave, pertencente à VoePass, estava sob um acordo de codeshare com a Latam, o que permitiu que a empresa chilena vendesse passagens para o voo operado pela sua parceira. No entanto, após o acidente, surgiram questões cruciais sobre a responsabilidade das duas companhias aéreas.

O Que é um Acordo de Codeshare?
Antes de mergulharmos nas implicações legais, é importante entender o que significa um acordo de codeshare. Esta prática permite que uma companhia aérea venda bilhetes para voos operados por outra empresa. Em outras palavras, um voo da VoePass pode ser comercializado como se fosse da Latam, e vice-versa, ampliando a oferta de destinos e opções para os passageiros.
Responsabilidade e Indenização: O Que Dizem os Especialistas?
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), representado por seu diretor-executivo Igor Britto, afirmou que as famílias das vítimas do acidente têm o direito de buscar indenização da Latam, dado que a venda dos bilhetes foi realizada através do seu site. Segundo Britto, a Latam não pode se beneficiar da parceria com a VoePass e, ao mesmo tempo, se isentar de responsabilidades.
Britto destacou que a Latam, ao comercializar passagens para um voo operado por uma empresa parceira, deve garantir que a operação dessa companhia atenda aos padrões de segurança e qualidade. Caso contrário, a empresa pode ser responsabilizada pelos danos causados pelo acidente, mesmo que não seja a operadora direta do voo.

Reclamações de Passageiros e Ações de Consumidor
Após o acidente, muitos clientes da Latam expressaram sua indignação, alegando que não estavam cientes de que suas passagens eram para voos operados pela VoePass. No site Reclame Aqui, houve uma série de reclamações pedindo o término da parceria entre as duas companhias. Um cliente, por exemplo, mencionou que comprou a passagem acreditando que voaria com a Latam, uma empresa com mais credibilidade, e não com a VoePass.
A Latam, por sua vez, afirmou que os passageiros são informados sobre a operadora do voo durante o processo de compra, incluindo detalhes como a tarifa, o tempo de duração do voo e o modelo da aeronave. No entanto, muitos passageiros alegam que essas informações não eram suficientemente claras, levando a um sentimento de engano.
A Posição da Latam
Em resposta à situação, a Latam emitiu uma nota defendendo sua posição. A empresa afirmou que, em acordos de codeshare, a responsabilidade pela gestão técnica e operacional do voo é exclusivamente da companhia operadora, no caso, a VoePass. Isso inclui a manutenção da aeronave, o atendimento em solo, e o cumprimento das normas de segurança.
A Latam também destacou que o codeshare oferece benefícios significativos aos passageiros, como maior flexibilidade e uma oferta expandida de destinos. Segundo a companhia, essas informações são divulgadas durante a pesquisa de passagens e devem estar claramente acessíveis para os clientes.
Implicações Legais e Futuras Investigações
O caso está sendo investigado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). As investigações se concentram não apenas nas causas do acidente, mas também em como a parceria entre a Latam e a VoePass pode ter impactado a segurança operacional do voo.
Além disso, o Ministério Público pode intervir para garantir que os direitos dos passageiros e das famílias das vítimas sejam respeitados. Se a Latam for considerada responsável, a empresa poderá ser obrigada a pagar indenizações substanciais e revisar seus acordos de codeshare para garantir maior transparência e segurança.

O Futuro dos Acordos de Codeshare
Esse trágico acidente pode levar a uma revisão mais ampla das práticas de codeshare no setor aéreo. Reguladores e autoridades podem impor novas regras para garantir que os passageiros sejam devidamente informados sobre as companhias operadoras e que todas as empresas envolvidas em acordos de codeshare cumpram rigorosos padrões de segurança.
Para os passageiros, é essencial estar ciente de que, mesmo ao comprar passagens de uma grande companhia aérea, o voo pode ser operado por outra empresa. Verificar os detalhes do voo e entender as condições do acordo de codeshare pode ajudar a evitar surpresas e garantir uma viagem mais tranquila.
O acidente com o voo da VoePass e a possível responsabilidade da Latam levantam questões importantes sobre a transparência e a responsabilidade das companhias aéreas em acordos de codeshare. Enquanto as investigações prosseguem, as famílias das vítimas e os passageiros devem estar atentos às implicações legais e buscar seus direitos, garantindo que tragédias como essa possam trazer melhorias para a segurança e a clareza no setor aéreo.
Acompanhe as atualizações sobre o caso e mantenha-se informado sobre suas opções como consumidor. O cenário pode mudar rapidamente, e estar bem informado é crucial para proteger seus direitos e interesses.
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